Hackers invadem os sistemas do TSE

– 14 de novembro de 2018 –

Dez dias após o segundo turno das eleições brasileiras de 2018, os sites de notícia TecMundo e Jota revelaram que receberam arquivos de uma fonte anônima que afirmou ter realizado acessos não autorizados aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral.

O suposto invasor enviou documentos sigilosos e trechos de códigos-fonte utilizados no processo eleitoral brasileiro. O hacker também revelou ter conseguido credenciais de servidores que trabalham dentro do TSE, conseguindo acesso a e-mails trocados no período da invasão.

By DavidmackOwn work, CC BY-SA 3.0, Link

Esse tipo de falha de segurança não coloca dúvidas sobre o resultado da eleição de imediato, pois, sistemas computacionais sensíveis são desenvolvidos de tal forma que seriam necessárias uma série de falhas em cascata para comprometer seriamente o seu funcionamento, o que chamamos de modelo do queijo suíço.

Porém, analisando o pleito eleitoral de 2018 identificamos pelo menos mais uma falha no processo eleitoral: os partidos políticos não participaram do processo de auditoria do código fonte e das lacrações das urnas realizadas pelo TSE. E como o código-fonte das urnas ainda não é público terceiros não podem realizar a análise do código de forma independente.

Como as urnas brasileiras são de primeira geração e não existe um registro físico do voto realizado pelo cidadão é impossível realizar uma auditoria dos resultados de forma independente de software. Porém os resultados das eleições refletiram as pesquisas de boca de urna realizadas pelo Ibope o que reduz a probabilidade de que tenham ocorrido falhas na contabilização desses resultados.

Falhas de segurança são uma realidade em qualquer sistema que seja elaborado, por isso é necessário que, se o funcionamento desse sistema impacta na democracia do país, ele seja projetado com absoluta transparência de forma que o maior número de pessoas seja capaz de verificar a sua integridade. E sistemas puramente digitais, apesar de todas as suas vantagens, ainda são opacos para a maior parte da população.

Autor: Lucas Lago

Este texto resulta do trabalho de apuração
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