A Educação Aberta: avanços e retrocessos

Mesa de especialistas discute desafios do ensino online na atualidade

Prof. Marineli Meier
Prof. Marineli Meier

A terceira mesa do seminário eMundos Educação Aberta, Sociedade e Tecnologia trouxe um painel de discussões sobre a Educação Aberta no Brasil, com o tema Educação Aberta no Brasil: avanços e retrocessos. Compuseram a mesa a profa. Dra. Marineli J. Meier, fundadora do REA-Paraná, Ma. Priscila Gonsales do Instituto Educadigital e Jamila Venturini, pesquisadora do Centro de Tecnologia e Sociedade. O prof. Dr. Romero Tori, do CEST, foi o moderador das discussões.

A professora Marineli J. Meier foi a primeira a expor. Ela é uma das fundadoras do REA-Paraná, o Programa de Recursos Educacionais Abertos do Paraná, criado em 2014 a partir de uma parceria entre a UFPR (Universidade Federal do Paraná) e a UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná); o programa é uma inspiração do Open Education da União Europeia.

Marineli iniciou falando da importância de disseminar a cultura da Educação Aberta na comunidade em torno, fazendo um levantamento numérico de alunos, docentes e funcionários da UFPR, para exemplificar o impacto que a universidade conseguiria ter com a disseminação da educação aberta.

Prof. Priscila Gonsales
Prof. Priscila Gonsales

Ela enfatizou a necessidade do maior uso de disciplinas onlines, inclusive em cursos presenciais. Como exemplo, ela citou o curso Práticas Educacionais Abertas, que foi ministrado em formato MOOC (sigla inglesa para Curso Online Aberto e Massivo): a primeira oferta do curso contou com 400 vagas, e a segunda oferta já pôde contar com um número maior de vagas (700), pois o curso foi dado de forma colaborativa entre os alunos que obtiveram a certificação na primeira oferta. Meier destaca os benefícios dessa forma de educação: a existência de um repositório de arquivos abertos, registro no lattes e alunos sendo coautores das aulas.

Em seguida, a palavra foi passada à professora Priscila Gonsales. Sua exposição girou em torno dos oito anos de REA no Brasil. O REA-Brasil é uma importação de ideias internacionais que teve início em 2008 após uma visita de uma delegação internacional ao Ministério da Educação. Gonsales se foca nas escolas públicas como ambiente para disseminar a educação aberta, mas para isso seria necessária maior utilização de materiais digitais nas escolas, práticas pedagógicas diversas que vão além da tradicional sala de aula, um certo autodidatismo do aluno e acessibilidade. O Plano Nacional de Educação chega a fazer referências à Educação Aberta, mas poderia ser mais eficiente, segundo a professora.

Prof. Jamila Venturini
Prof. Jamila Venturini

Mesmo após oito anos de existência, Gonsales se queixa do desconhecimento por partes das pessoas ao REA e isso, na sua visão, é o principal motivo para o programa não avançar no país. Para o avanço acontecer, a professora aponta algumas ideias: buscar o apoio privado, dialogar com o mercado editorial e tornar as pesquisas acadêmicas mais aplicadas na sociedade.
Por fim, o moderador entregou a fala à professora Jamila Venturini.

Falando sobre Educação Aberta, Sociedade e Tecnologia, a professora começa falando dos pontos “sombrios” do termo aberto. Ela citou as relações online intermediadas, ou seja, as pessoas têm livre acesso à internet em troca de informações pessoais, exemplificando com o caso Snowden e a ferramenta de anúncios personalizados utilizados por redes sociais como o Facebook.

Outro lado “sombrio” seriam os desafios dos obstáculos culturais nas escolas brasileiras; falta de infraestrutura, internet e a desigualdade social, por exemplo. Além disso, ainda não há um consenso entre o significado do termo “aberto”: seria liberdade ou gratuidade? Contudo, para vencer todos esses desafios, Venturini aponta o ambiente universitário como algo fundamental para a disseminação da educação aberta.

Texto: Carolina Marins, da empresa Jornalismo Júnior, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP)