Educação Aberta é alternativa ao ensino presencial

Especialista diz que não existem evidências científicas provando que a sala de aula seja superior aos outros métodos de educação, como o ensino online

Prof. Dr. Edison Spina, membro-fundador e coordenador do CEST
Prof. Dr. Edison Spina, membro fundador e coordenador do CEST

Na última quinta-feira, 17 de março de 2016, ocorreu, na Escola Politécnica (POLI) da Universidade de São Paulo (USP), o seminário “Educação Aberta, Sociedade e Tecnologia”, organizado pelo Centro de Estudos Sociedade e Tecnologia (CEST), juntamente com o Projeto eMundus.

Após as palavras do Professor Dr. Edison Spina, que abriram o evento, foi passado para o público um panorama dos resultados obtidos pelo eMundus, um projeto de pesquisa na área de cursos online. Fabio Nascimbeni, coordenador do programa, contou brevemente como esse trabalho começou e enfatizou a grande troca de experiências e conhecimentos entre pessoas, universidades e países diferentes que o eMundus possibilita. Explicando a visão e os objetivos do projeto, Nascimbeni ajudou a fomentar o debate das palestras que estavam por vir.

Em seguida, o Professor Dr. Rory McGreal (foto), membro da UNESCO e ligado à Athabasca University, no Canadá, foi chamado à mesa. Docente em uma universidade onde os cursos são exclusivamente online, McGreal afirmou em sua palestra que há uma forte corrente de educadores que veem a tradicional sala de aula como a única forma válida de educação.

Ele discorda dessa visão, alegando que não existem evidências científicas provando que a sala de aula seja superior aos outros métodos de educação e, portanto, deixar de lado outras formas de educar seria muito perigoso para a difusão de conhecimentos e ideias. Para ele, a informação precisa ser livre, logo é necessário buscar e utilizar outros meios de se educar. Um exemplo seria a educação à distância.

rory_3_2016 Rory McGreal, da UNESCO e professor da universidade de Athabasca, no Canadá[/caption]Após McGreal, foi a vez do Professor Dr. Stavros Xanthopoylos expor suas ideias. O diretor executivo da FGV Online e coordenador de cursos de pós-graduação e educação à distância elogiou McGreal e recuperou algumas de suas falas, além de definir a ideia de educação aberta em uma pequena frase: compartilhar qualquer conhecimento com qualquer pessoa. Ele cita instituições, como o MIT e a própria FGV, que disponibilizam seu conteúdo ao público, fazendo com que os copyrights deixem de ser um problema para quem procura informação e conhecimento.

Chegou o momento, então, de se debater sobre a Educação Aberta no Brasil. Para isso, foram chamadas à mesa a Professora Dra. Marineli J. Meier, fundadora do REA-Paraná; a Ma. Priscila Gonsales, do Instituto Educadigital; e Jamila Venturini, jornalista e pesquisadora no Centro de Tecnologia e Sociedade, da Fundação Getúlio Vargas (CTS/FGV). O Professor Dr. Romero Tori, livre-docente pela USP e pesquisador do CEST, moderou o debate.
A professora Marineli foi a primeira a expor. Contextualizando seus exemplos com sua experiência no Programa de Recursos Educacionais Abertos (REA), do Paraná, ela reforçou a necessidade de as universidades investirem em disciplinas online, mesmo quando estas fazem parte de cursos presenciais.

Da esq. para dir., Professor Dr. Stavros Xanthopoylos, FGV-EAESP e Open Education Consortium; Ma. Priscila Gonsales - Instituto Educadigital; Professor Dr. Rory McGreal – Athabasca University, UNESCO-ICODE Chair on OER; Professora Dra. Marineli J. Meier;  Professor Dr. Romero Tori (Cest – Poli/Engenharia de Computação – USP); Jamila Venturini; e Professor Dr. Edison Spina (CEST - Poli/Engenharia de Computação - USP)
Da esq. para dir., Professor Dr. Stavros Xanthopoylos, FGV-EAESP e Open Education Consortium; Ma. Priscila Gonsales – Instituto Educadigital; Professor Dr. Rory McGreal – Athabasca University, UNESCO-ICODE Chair on OER; Professora Dra. Marineli J. Meier; Professor Dr. Romero Tori (Cest – Poli/Engenharia de Computação – USP); Jamila Venturini; e Professor Dr. Edison Spina (CEST – Poli/Engenharia de Computação – USP)

Em seguida, Priscila Gonsales contou um pouco do instituto que fundou, o Educadigital, que trabalha em prol da educação aberta na cultura digital. Ela vê nas escolas públicas um ambiente com potencial para a disseminação desse tipo de educação, mas pondera que o Brasil não está totalmente preparado para isso. Priscila afirmou que para se avançar nessa questão é preciso buscar o apoio privado, dialogar com o mercado editorial e tornar as pesquisas acadêmicas mais aplicadas na sociedade.

Para fechar a exposição, Jamila Venturini reforçou a fala de Priscila, afirmando que há obstáculos culturais nas escolas brasileiras que dificultam a implementação da Educação Aberta. Entre eles, pode-se citar a falta de infraestrutura e internet, além da desigualdade social. Para ela, a disseminação da educação aberta é algo necessário e a participação das universidades nesse processo é fundamental.

Após a exposição individual de cada palestrante, abriu-se um espaço para perguntas e debate com o público, com a participação do moderador Romero Tori.

O seminário “Educação Aberta, Sociedade e Tecnologia” foi marcado por um debate enriquecedor que ajudou a elucidar questões acerca da educação aberta no Brasil e no mundo, além de apontar caminhos e soluções para os desafios existentes nessa área atualmente. O fato do evento ter ocorrido na USP reforça a relevância do tema, já que o ambiente universitário é propício para a disseminação dessa forma de educação.

Texto: Nelson Niero Neto, da empresa Jornalismo Júnior, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP)

Saiba mais sobre o Seminário “Educação Aberta, Sociedade e Tecnologia”:

Textos:

Cursos online, abertos e à distância: o futuro da educação mundial

eMundus realiza troca de experiências e conhecimentos

A necessidade da Educação à Distância na Era Digital

A Educação Aberta: avanços e retrocessos

Vídeos:

Matéria sobre o seminário:

Entrevista com Prof. Dr. Edison Spina:

Entrevista com o Professor Dr. Rory McGreal

Entrevista com Dr. Stavros Xanthopoylos

Entrevista com a Professora Dra. Marineli J. Meier e com Priscila Gonsales: